Agner Correa, Partner – Consultant na Go4! Consultoria de Negócios, nos fala sobre liderança, primeiros passos, tendências e o que vê para o futuro no mercado automotivo.
O que te motivou a ingressar no mercado automotivo? Quando isso aconteceu?
Desde a conclusão do curso de economia, trabalhei em instituições financeiras nas áreas de crédito e operações estruturadas. No final dos anos 90, chegava ao Brasil a novidade que já vinha atuando com muito sucesso nos USA e Europa, que era a institucionalização dos bancos de montadoras. Isso significava que as montadoras de veículos e ônibus estariam abrindo seus próprios bancos para oferecer financiamentos aos seus clientes e concessionários. Desta forma, participei da chegada das instituições financeiras do Grupo BMW ao Brasil. Mais tarde trabalhei na RCI, que é o braço financeiro da Aliança Renault-Nissan-Mitsubish e por último, mas não menos importante, atuei como diretora comercial do Banco Volvo (caminhões/ônibus/maquinas) e como Diretora Geral da Volvo Serviços Financeiros no Chile.
Posso dizer que foi uma trajetória encantadora, com alegrias e desafios, mas onde pude vivenciar duas paixões: o mundo das finanças e a emoção das quatro rodas.
A participação da mulher nesse segmento mudou ao longo do tempo? Como era e como é hoje?
Quando iniciei minha jornada ainda vivenciei entrevistas com gerentes que deixavam claro não ver com bons olhos a mulher no mercado de trabalho, tive que fazer teste de gravidez para uma contratação e fui questionada se já queria ter filhos…. Sim a descriminação existia na forma de uma segregação, porem nunca me abalou. Sempre acreditei que o trabalho me levaria onde queria chegar. Hoje as instituições estão bem diferentes e existe uma grande preocupação de inserção da mulher no mercado de trabalho. Acredito que muito já se caminhou nesse sentido, mas ainda existem muitos passos a serem dados, principalmente no que se refere a contar com mulheres em postos diretivos C-Level. Felizmente já temos multinacionais instaladas no Brasil com a Peugeot, a Kimberly Clark, a Pandora e como a posição máxima, temos a CEO Mundial da GM que ingressou com estagiarias aos 18 anos e hoje comanda o conglomerado mundial. Apenas citando alguns belos exemplos que levam a segurança da mudança dos tempos.
Quais são as tendências no mercado automotivo de hoje?
O mercado automotivo desde o início dos anos 2000 vem passando por grandes mudanças. Inicialmente com a acessibilidade de tecnologia de uma forma nunca antes vista. Antes apenas os carros superluxuosos contam com detalhes tecnológicos que hoje estão disponíveis em praticamente toda a gama de uma linha de montagem. Sem contar a constante preocupação para a alteração dos critérios de emissões para redução dos efeitos climáticos. Além dos fatores mecânicos tecnológicos existe a alteração do padrão do consumidor como a nova geração que não vê a necessidade de possuir um veículo, as novas alternativas de transportes para os grandes centros e ainda mais para a frente o veículo autônomo. Acredita-se que até 2030 a sociedade como um todo estará em outro patamar de inter-relacionamento com as tecnologias e isso obrigará que o mercado automotivo se adeque as mudanças sociais.
Você acredita em expansão ou retração na indústria brasileira?
Acredito em uma leve expansão. O momento atual ainda requer muita cautela. O primeiro grande foco do novo governo está sendo a reforma da previdência. Esse assunto já vem se arrastando há muito e necessita de uma solução urgente, porém não vai ser o gerador imediato de PIB, mas sim o freio de um problema ainda maior futuro. Por outro lado, se as reformas forem implantadas haverá um voto de confiança o que poderá trazer investimentos tanto internos como externos.
A minha analise indica uma indústria retomando o rumo e a confiança se reestruturando para assegurar um maior nível de expansão a partir de 2020.
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